terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ao lado ( Do meu amigo Chardie B.)

Era cedo

havia vendido meu carro, que bosta

a vida é assim


peguei o primeiro ônibus

peguei o segundo, e neste consegui sentar

pego um livro qualquer


quando começo a ler,

- Com licença, preciso me segurar. Obrigada

Cacete eu e minha Educação

- A senhora quer sentar.

- Obrigada.

Queria que ela dissesse que já ia descer da minhoca de metal. Foda-se


Tento ler em pé aos solavancos e até que consigo

Desço

Entro em outro coletivo

Começo a ler novamente. Desta vez sentado.

Ao meu lado uma senhora também saca um livro da sacola

Olho de soslaio

Cacete a Bíblia, livro de Miquéias se não me engano

Porra e eu lendo C. Bukowski

Ele contando uma foda qualquer.

Ao lado a Bíblia

O que faço? Foda-se

Continuo lendo

Deus já estava me vendo antes de a Bíblia aparecer ao meu lado.

Mãe

Mãe! Dentre todas as mulheres do mundo,
Nenhuma pode se igualar à Senhora,
É a você que dedico este amor tão profundo,
A toda noite, todo dia e a toda hora.

Este amor não passa

Passam sonhos, passam encantamentos,
Passam mágoas e passam tristezas,
Passam desilusões e sofrimentos,
Passam histórias de baronezas.

Passam múltiplos mistérios...
Passam os rios, os mares, as emoções
Passam meninas, passam adultérios,
Passam casamentos de corações.

Passa a vida e tudo que nela existe
Passa a noite, passa o dia, passam ambos
E nem notam que hoje estou triste.

Tudo passa num mundo de ilusões,
Só não passa este amor inatingível
Que fere muito nossos corações.

Chuvas

O céu está branco como a neve
E uma fina chuva cai de leve
Molhando a terra já encharcada
Pela chuva da noite passada.

Aos poucos a chuva vai engrossando
E às casas e telhados vai molhando
Cada vez mais forte, mais ligeira
Vai inundando a cidade inteira.

O céu agora completamente escuro
Deixá-me às vezes inseguro
E me faz pensar duas vezes.

A chuva continua caindo melodiosa
De fria agora quente e gostosa
Cai todos os dias, todos os meses.

A noite

É noite, o carvão enegrece tudo,
Algumas brasas pairam no espaço,
Cintilantes...
Querendo nos dizer alguma coisa,
Distantes...
O silêncio mistifica a noite
Como se ela fosse irreal,
Imaginária...
Como se ela fosse parte de um sonho
Irrealizável...
De vez em quando algo quebra
A monotonia,
Um tinido, um latido, um grito
De uma menina virgem,
Depois volta o silêncio.
As brasas começam a desaparecer
A perder o brilho...
Sobre o muro um gato mia,
No terreiro um galo canta,
É o nascer de mais um dia.